O mais genuíno do Carnaval de Torres saiu esta noite à rua.
Num Carnaval que tem como essência a participação popular espontânea, e por isso é apelidado de Trapalhão, que momento mais autêntico senão o corso que tem precisamente esse nome?
No mesmo participou, como é já habitual, uma multidão de foliões nada atrapalhada, que “invadiu” as ruas do centro de Torres Vedras, criando uma das maiores manifestações performativas espontâneas do país, que se diferencia, como é apanágio do Carnaval de Torres Vedras, pela interação entre o público e os elementos integrantes do corso.
Mascarados de todo o género participaram neste Corso Trapalhão (diabinhas, unicórnios, animais de diversas espécies, palhaços, polícias e ladrões, bruxas, piratas, bailarinas, cóbois, futebolistas, marinheiros, heróis de banda desenhada, jokers, entre muitas outras indumentárias, algumas de difícil identificação), tendo muitos seguido o tema da edição deste ano do Carnaval de Torres, que é, recorde-se, “Made in Portugal” (saloios, enfermeiros “malandros” em greve, representações de Camões, galos de Barcelos, Amálias, campinos, forcados, pescadores, também foram avistados…). Na altura do ano mais propícia para viver fantasias, milhares foram os que este ano aproveitaram o Carnaval de Torres Vedras para esse efeito.
Mas, com o devido respeito por todos os foliões, quem é o rei dos mascarados do Entrudo torriense? É a matrafona, pois claro, esse figurão característico do evento, que passa seis dias por ano a satirizar o glamour feminino, e que teve este ano mais um momento a si dedicado com o já habitual concurso de matrafonas. Nuno Estrangeiro foi o vencedor em 2019 desse concurso (ganhando um fim de semana gratuito no Hotel Golf Mar), tendo Paulo Rato e Tiago Medina obtido os 2.º e 3.º lugares, respetivamente.
Contudo nem só de mascarados se fez o Corso Trapalhão, tendo também marcado presença no mesmo os habituais carros espontâneos (Bataclan do Oeste, Elétrico 69/Prazeres, Tutus do Pedal, Fábrica dos Badalhus, Padeirinhas de altus barrotes, só para citar alguns), muitos da (ir)responsabilidade de grupos carnavalescos, para além de Zés Pereiras, cabeçudos, “cavalinhos”, carros alegóricos e os “light mans” do Carnaval de Wellington (cidade geminada com Torres Vedras a partir da memória associada às invasões napoleónicas).
O Corso Trapalhão acabou mais uma vez com a apoteose trazida pelo Tó'Candar PALADIN que arrastou uma multidão atrás…
A animação prosseguiu pela noite na Praça Machado Santos, na Praça SAGRES (Parque de Estacionamento de Santiago), e na Praça PALADIN (Mercado Municipal), tendo a Praça Dr. Alberto Avelino acolhido um Arraial Fest com Saul.
Para esta Terça-Feira de Carnaval espera-se de novo uma enchente nas ruas de Torres Vedras pela tarde, as quais têm recebido foliões de várias geografias do país e do mundo, esperando-se para isso que S. Pedro cumpra o tradicional acordo com o "Carnaval mais português de Portugal”.