Boneco do Entrudo

Na noite da quarta-feira de cinzas, os foliões reúnem-se para o Enterro do Entrudo, uma prática do Entrudo tradicional que continua a encerrar o programa do Carnaval de Torres Vedras.

Pelo menos desde o início do século XX que o Enterro do Entrudo se realiza na cidade de Torres Vedras. Uma notícia de 1908 faz referência ao momento:

“Na quarta feira ainda se realisou o enterro do entrudo no qual tomou parte um numerosos grupo que percorreu desde as 8 da noite até cerca das 10 horas as principaes ruas da villa acompanhando de uma música que tocava uma marcha fúnebre em passo cadenciado e levando n’um esquife a figura do Carnaval que terminou os seus dias de 1908, n’uma fogueira acesa no largo da Graça. A esta romaria fúnebre não faltou grande número de devotos que em magotes o acompanhou (…)”

Folha de Torres Vedras, 8 de março de 1908

 

Na sua origem, esta prática ritual (designadamente o julgamento e a queima do Entrudo) visava a punição dos pecados, a expurgação e purificação da comunidade.

O boneco começou por ser feito em palha, como os bonecos tradicionais. 

Atualmente, o Enterro do Entrudo tem início com um cortejo fúnebre que parte do Centro Histórico da Cidade e termina em frente ao Tribunal. Segue-se o julgamento do Rei do Carnaval de Torres Vedras e a leitura do testamento, fortemente caracterizados pela crítica política e social.

O momento culmina na condenação do Rei à morte, simbolizada pela queima do boneco que o personifica.

Após a leitura do testamento, o carrasco acompanha o Rei até à Praça da Liberdade, onde irá decorrer a queima do entrudo. O boneco é incendiado, rebentando o material pirotécnico no seu interior, fazendo ecoar sucessivos e barulhentos estrondos até à sua destruição total pelo fogo. O momento termina com fogo de artifício.

 

Fonte: Registo do Carnaval de Torres Vedras no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial